Antes que façam falsos e antecipados juízos sobre este humilde texto, deixem-me explicar. A história das palavras que se segue apenas tentará justificar ou explicar porque são tão importantes as chamadas tempestades cerebrais AKA brainstormings. Confusos?

I.0

Boa. É assim sempre que devia ser meio confuso ou desregulado sem pontos sem vírgulas sem respirar apenas com ?!!? exclamações e/ou interrogações e no fim talvez sim um ponto. Ou então três pontos …

E porquê? Porque quanto mais aberto for o processo criativo mais vida traz para um projecto e quanto mais expansivo for esse momento mais rico será o resultado.

Quando recebi o convite para escrever sobre um assunto “livre”, oferecendo-me, no entanto, a escolher de entre vários temas propostos, nem hesitei. A palavra Brainstorming tem o poder de qualquer dicotomia: apavora ao mesmo tempo que seduz. Mas quando finalmente me debrucei sobre o assunto, de caneta em punho com uma folha de papel branco (sim, escrevi um pseudo rascunho à antiga).

Fiquei com a impressão de que isto podia ser estranho: Como escrever sobre um tema que na verdade não tem propriamente um tema em si mesmo? Será que escolhi um assunto oco? O que escrever para conseguir dar tema ao tema? Será que é melhor escrever sobre o processo de um Brainstorming? Sobre o propósito, a utilidade ou sobre as técnicas?

Regras para um brainstorming, acho que não existem, mas ideias sim existem.

I.1

Eis que surge a ideia, a epifania, o tão desejado momento de qualquer tempestade, o fio condutor que, se tudo correr bem, vai ser o guião do projecto: um texto que será um brainstorming de si mesmo.

Sendo assim, e porque uma das receitas fundamentais numa fase inicial de qualquer projecto é atirar ao ar o maior número de ideias possíveis, tentarei aqui listar e não esquecer todas as ideias das ideias:

I.2

Seja o brainstorming individual ou em equipa (opção preferencial), a exposição de toda e qualquer ideia, seja ela válida, idiota, absurda, feliz ou infeliz, é obrigatória. Soluções, problemas, experiências, histórias, nexos ou desconexos, tudo é bem-vindo na hora de começar a semear o sentido de um determinado projecto. Nesta fase não é importante o que será aproveitado para o resultado final. O fundamental é expor todas as ideias porque, Quem conta um conto acrescenta um ponto, ou seja, quem partilha ideias conecta, redimensiona, reconhece e une a informação que recebe. Já nos diz a geometria que dois pontos formam uma recta e uma recta e um ponto formam um plano. Logo, quanto mais ideias, mais conexões, quanto mais conexões mais planos, mais formas, geometrias mais sólidas, mais estruturada a rede de ideias. Estruturada, mas não fechada. E isso é exactamente o ideal, estar e sair de um brainstorming com um plano do tipo rizoma o mais eláássticooo e complexo possível.

E agora, com licença. Vou contar palavras para me situar porque recebi “orientações”… Coisa que num brainstorming talvez seja indesejável – essas “orientações”, principalmente numa fase inicial onde tudo deve ser livre,  onde regras ou fórmulas condicionantes devem ser deixadas de parte. Diria até que, sempre que possível, dentro de uma anarquia saudável, em que cada interveniente vai ao sabor da conversa podendo ainda assim tropeçar ou não conseguir passar.

I.3

Porque brainstorming é exploração!

I.4

Brainstorming é correr um risco. Seja em sentido literal, no desenho, ou figurado. O objectivo é desbravar caminho, andar, marchar e correr porque

I.5

brainstorming é também fitness: Mens sana in corpore sano, é exercício e acrobacia, acrobacia mental, eu diria, a não ser que alguém tenha vontade de subir a uma cadeira para explicar que lá do topo a perspectiva é outra e mais abrangente!

I.6

E por isso não esquecer: aventura! Muita ou pouca, mas quanto baste é obrigatório

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I.7

E graça por favor! Sem graça, nada tem graça e um brainstorming sem humor é aborrecido, é mole, tímido

I.8

sonha pouco e os brainstormings precisam do sonho, esse tal que comanda a vida e o projectos também. Quando sonhamos pairamos sobre as ideias podendo dar-lhes novas perspectivas ou inventar significados que às vezes a realidade rouba. Porque no final, temos sempre que voltar a pousar os pés na terra.

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I.9

Mas, ao contrário de um projecto, que precisa de pés e cabeça, um brainstorming pode só ter pés ou só cabeça, ou só braços, ou só mindinhos! A importância e a sua necessidade não se define pela a sua anatomia perfeita mas sim pelas suas idiossincrasias.

I.10

E pelos caprichos que reclama para si mesmo. Um brainstorming deve ser caprichoso e vaidoso, deve sentir-se o centro das atenções porque será idealmente o momento mais especial e emplumado de um projecto que dá tudo o que tem para conquistar.

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Mesmo que o resultado final não seja o que se imaginou…

É verdade, um brainstorming nunca é a garantia de nada, é apenas o início de muito trabalho. É a ponta do iceberg, mas que vale sempre a pena e nunca deve ser esquecido principalmente quando entra em cena a folha de excel…

Aí os números! Como lutar contra os números? Com debate, com rebate, com mestria e ideias!

I.11

E aqui mais um ponto fundamental deste kit de sobrevivência, os números, ou melhor, o mapa de quantidades: quantos brainstormings existem por projecto? Os que se quiser, os necessários e os desnecessários.

Nunca ninguém escreveu a regra do 1 para 1 até porque nem todos os brainstormings são vitoriosos. Tem que haver espaço para os falhados também. Mas isso faz parte do processo, o importante é reconhecer essa mesma fragilidade do processo criativo, refletir sobre as ideias e depois, ser assertivo no momento final.

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E agora sim, os números! A folha de excel… a inimiga…, a ameaça…, a iminente destruidora das ideias…

I.12

Como responder? Com mais ideias! Para grandes males grandes soluções!

E para nossa grande sorte a propriedade comutativa da adição diz-nos que podemos trocar a ordem das parcelas porque o resultado será sempre o mesmo e neste caso = projecto vencedor.

I.13

Assim sendo, some-se livremente os Is deste texto (são 13, mas não se incomodem porque a superstição não entra na equação) e sejam exploradores. Se mesmo assim não for suficiente chamem todas as profissões da sala ou do edifício, todos são bem-vindos.

 

Leia o último artigo sobre a – Felicidade no Trabalho – escrito pela Isabel Mota, Happiness Officer da Multilem.